O movimento Justiça para o Boavista organiza, sexta-feira, uma "marcha de apoio e solidariedade" entre o Estádio do Bessa e a Câmara Municipal do Porto, que visa "sensibilizar a população" para o difícil momento que o clube vive.
Com início marcado para as 19:00, a "Marcha Axadrezada" vai ter uma "adesão em massa", garante o porta-voz deste movimento, Nuno Cerqueira.
Esta será a segunda grande acção pública promovida pelo movimento, depois de a 12 de Março ter iniciado uma campanha de apoio ao clube e, simultaneamente, de alerta à cidade do Porto, com a afixação de faixas com a inscrição "Justiça para o Boavista".
"Os atletas de todos os departamentos e escalões do Boavista vão participar na marcha ou manifestação, como lhe quiserem chamar, para assim demonstrarmos o ecletismo deste clube", sublinha Nuno Cerqueira.
Além do futebol profissional, o Boavista possui 14 modalidades amadoras, como atletismo, ginástica, xadrez ou desporto adaptado, e movimenta cerca de 900 atletas.
Nuno Cerqueira conta com uma participação maciça por parte deste sector "axadrezado", talvez pouco conhecido do grande público, mas nem por isso menos afectado pelos problemas financeiros do futebol profissional.
"Podemos dizer que o universo das modalidades e o futebol de formação vão parar", afirma convicto o porta-voz deste movimento, que reúne simples adeptos boavisteiros.
O presidente do clube e da SAD boavisteira, "em princípio", e outros dirigentes estarão presentes, tal como "elementos do plantel sénior de futebol, como o apitão Jorge Silva", ele próprio assumido boavisteiro.
"Não irá o plantel todo, mas talvez metade", estima Nuno Cerqueira, que, aos 24 anos e além de ser sócio, "com o número nº 9.375", é director do futebol de formação do Boavista.
"Vamos terminar a marcha diante da Câmara Municipal do Porto, por causa do esquecimento a que tem sido votado o Boavista", aponta, considerando que o clube do Bessa foi vítima de um "tratamento desigual" por comparação com o FC Porto.
"É triste vermos a câmara alheada do que está a acontecer ao clube", continua Nuno Cerqueira, dizendo haver a intenção de entregar ali uma carta, nem que seja ao porteiro de serviço, com os pontos de vista do movimento "Justiça para o Boavista".
Para este porta-voz, "o Boavista é uma causa da cidade".
"Por isso, apelo à participação nesta marcha não só dos boavisteiros, mas também dos portuenses em geral", reforça.
A autarquia, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional e a Federação Portuguesa de Futebol constituem aquilo que Nuno Cerqueira designa por "tríade do mal", que, na sua perspectiva e na do movimento a que está ligado, contribuiu para que o Boavista fosse despromovido, agravando ainda mais a sua já grave situação.
O clube do Bessa disputa a Liga de Honra e, a seis jornadas do fim, encontra-se no 14º lugar, batendo-se para não descer de divisão.
"Temos que lutar até ao fim", defende Nuno Cerqueira, que é funcionário numa empresa de higiene e segurança no trabalho.
O movimento "Justiça para o Boavista", que conta com a adesão da Associação dos Amigos do Boavista, agrupa sócios e simpatizantes boavisteiros anónimos.
"Há elementos da claque", os Panteras Negras, mas também "há pessoas com 50 e 60 anos, há de tudo", pessoas que trabalham para o movimento e, deste modo, para seu clube em "horário pós-laboral".
Segundo este elemento, tudo começou após "conversas de amigos que se reúnem no mesmo café e vão aos jogos juntos" e que entenderam "fazer alguma coisa face à situação em que o clube se encontra".
"Talvez seja um movimento tardio, mas mais vale tarde do que nunca", argumenta Nuno Cerqueira, recordando que o "Justiça para o Boavista" já desenvolveu acções em Lisboa e sensibilizou adeptos de outros clubes europeus, como o Aberdeen (Escócia), Valladolid (Espanha) e Rosenborg (Noruega).